(Plenitude, por Joyce B. Freitas, Salvador-Ba, 2011)
Da plenitude
Se há finitude neste viver nosso – esta mesma com a qual temos que nos conformar penosamente todas as vezes em que revivemos o adeus – há também algo em sua contramão, como um contraponto, como a plenitude. Plenitude é algo então como se dá conta que – em que pese as incompreensíveis e injustas medidas do quanto de vida é possível existir – há de ser pleno nos possíveis cotidianos.
Algo como se fosse fundamental e premente se aprender a viver o absoluto das horas, dias, meses, anos: nunca sabemos quanto, pois. Plenitude é algo como o único antídoto contra a angústia de não se saber, angústia ante as biografias, em algum grau, sempre inacabadas. É algo como se convencer do infindável possível e cabível em cada momento vivido tal como o ínfimo intervalo entre o zero e hum encerra também o infinito, tal qual a ousadia de dois pequeninos pontos que traçam retas inexoráveis no tempo, no espaço.
E as retas – estas da vida prática – são mais sinuosas que pretendem os mais obstinados pelos caminhos bem traçados. A vida é toda ela tortuosa: as travessias, as trajetórias, o transitar por entre a gente, os planos, as expectativas, as renovações. Fragmentos dos sonhos, a incompletude. Os contínuos e descontínuos; os limites e a superação. Aqueles que atravessaram, aqueles que ficaram no meio do caminho, aqueles que nem início. A lógica convulsa do viver: a plenitude é o que nos resta.
Ana Clara Rebouças
Se a vida é breve - por mais que se viva, é mesmo tão breve - que seja plena... é isto!
ResponderExcluirA vida é um sopro sem direção que não tem como vive-la sem plenitude. Como sempre fantastica sua escrita e perspectiva das coisas!
ResponderExcluirplenitude pra mim é a realização de desejos...desejos verdadeiros!
ResponderExcluirÉ Merilin, vale pra mim também! É também viver leve com sua verdade!
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