Subversiva
A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a
Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha
Infringe o Código de Águas
Relincha
Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o
país.
Ferreira Gullar
Digo Sim
Poderia dizer
Que a vida é bela, e muito,
E que meu coração
É um sol de esperanças entre pulmões
E nuvens
Mas não. O poeta mente.
A vida nós a amassamos em sangue
E samba
Enquanto gira inteira a noite
Sobre a pátria desigual
A vida
Nós a fazemos nossa
Alegre e triste, cantando
Em meio à fome
E dizendo sim
– em meio a tanta violência e a solidão dizendo sim –
Pelo amor e o que ele nega
Pelo que dá e que cega
Pelo que virá enfim,
Não digo que a vida é bela
Tampouco me nego a ela:
- digo sim.
Ferreira Gullar
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