terça-feira, 28 de junho de 2011

(Foto: Ana Clara Rebouças)


Eis aqui a casa nova!

Sejam todos (as) muito bem vindos (as)!

Ana Clara Rebouças

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tanto quanto uma rosa...

(Foto: Ana Clara Rebouças, São Paulo, SP, 2011)
Porque dia desses eu me emocionava muito com o fato do amor ser dado à simplicidade. Porque o amor – aqueles que de tão pleno e profundo não cabe mesmo em si – cabe em uma rosa ou em bouquet; cabe em um lírio ou em um campo infinito de lavandas; na correspondência exata do segundo de um olhar ou nos entendimentos que se desvelam palavra a palavra, anos a fio. Isto significa dizer, por exemplo, que o amor – que é amor de verdade – se reconhece desnudo das vaidades todas: ou seja, cabe tanto em uma rosa, quanto em uma dúzia delas. Cabe também na humildade do perdão.
Porque outro dia eu me encontrava com um verso do nosso poeta, talvez, o mais apaixonado dos poetas desta nossa “pátria mãe gentil”; e ele pedia piedade, em sua Elegia Desesperada, pelo “mocinho franzino que só tem de seu as costelas e a namorada pequenina”. Daí, eu havia discordado do poeta – muito embora ele não necessariamente tenha pretendido este sentido – pois, em matéria de amar, nunca se pode ter “só” uma “namorada pequenina”, aliás, o amor mais absoluto cabe tanto na pequenez de uma primeira namorada quanto nas mãos frondosas dos amantes de uma vida toda compartilhada.
Porque dia desses eu celebrava a dádiva do amor; a coisa rara e ímpar que ele é. O amor, por exemplo, considera o ser amado assim tão infinitamente apaixonante esteja ele conduzindo um “Chevrolet gosmento”, aquele estimado por outro poeta nosso, como dentro de uma Limusine. Amor adora tanto os trejeitos quanto os grandes atos para a contemplação: daí porque cabe tanto aquele jeito, tão próprio, de franzir a testa, quanto aquelas surpresas arrebatadoras de meio de tarde; daí porque tanto cabe aquela rosa quanto um mar delas, um infinito delas. Disto tudo então se depreende que o amor é – ou deve ser – dado a desapegos estes que o divinizam, o amor. Santificado seja o amor.
Ana Clara Rebouças